O Aprontador

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1




Aquela estava sendo uma semana bem agitada para Agenor. Em tantos anos trabalhados como zelador do Condomínio Parque dos Imperadores, nunca havia tido uma semana assim.
Começou já na segunda-feira, quanto teve de esvaziar toda a piscina, limpá-la, repor a água e fazer o tratamento químico com cloro e algicida.
Naquele dia, ele ainda achava que a lata de tinta azul, que foi parar aberta na piscina poderia ter caído, de alguma forma, acidentalmente.
Sem dúvida nenhuma esta lata pertencia ao casal morador do apartamento 303 do bloco Dom Pedro II, pois eles estavam reformando seu apartamento para a chegada do bebê.
Eles viram no ultra-som que seria um menino, então pintariam uma das paredes do quarto em azul. As demais paredes seriam brancas com uma faixa, colada como papel de parede, com desenhos coloridos de carrinhos de brinquedo.
As latas de tinta, mais outros materiais de construção que seriam utilizados na reforma, estavam guardados rente a parede do box de garagem onde o casal estacionava seu carro.
- Talvez alguma criança pequena tenha pegado a lata de tinta para brincar no pátio e, como ela é muito pesada, deixou-a cair, ela rolou e foi parar na piscina. Foi o que Agenor disse ao senhor Carlos, o síndico, quando perguntado se ele tinha alguma idéia de como aquela lata de tinta foi parar na piscina.
Mas, já no meio da semana, tinha certeza que alguém estava aprontando no condomínio. E era alguém muito esperto, porque já tinha conseguido aprontar pela segunda vez sem que ninguém o tivesse visto.
Os moradores do condomínio já estavam bastante irritados. Primeiro, por causa da lata de tinta que apareceu na piscina no domingo. E foi logo num domingo muito quente. Um ótimo dia para tomar banho de piscina. E, agora, mais essa!
Imagine o que não foi a surpresa do pessoal, ao querer sair cedo de seus apartamentos, seja para o trabalho como para a aula, e ao fechar a porta sujar sua mão de graxa.
- É isso mesmo que você ouviu! Explicava Agenor para Fofo, o porteiro.
- Então foi por isso que os moradores, que passaram pela portaria, hoje cedo, mal me cumprimentaram e estavam todos com caras feias. Falou Fofo.
- Quem será o malandro que passou graxa nas maçanetas das portas dos apartamentos? Perguntou Agenor, mais para si mesmo do que para o Fofo.
- Eu é que vou saber? Respondeu o porteiro.
Bem que o Fofo realmente poderia saber. Pois sabia da vida de todo mundo naquele condomínio. Era o maior fofoqueiro, por isso mesmo é que recebeu este apelido. Mas, desta vez, não sabia de nada.
- Aprontaram, também, uma comigo hoje. Comentou Fofo.
- O que fizeram? Quis saber o Zelador.
- Interfonaram aqui para a portaria, do interfone da garagem no subsolo, dizendo que o Sr. Carlos queria falar comigo urgentemente. Nem me preocupei de perguntar quem era que estava interfonando. Sabe como é o seu Carlos...
- Ô, como eu sei! Quando quer uma coisa, tem que ser para ontem... Senão, é bronca na certa. Concordou Agenor.
- Pois então, larguei a portaria e corri para ver o que era. Cheguei lá e não encontrei o Sr. Carlos. E quando eu voltei à portaria, imagina quem eu encontrei?
- O Sr. Carlos?
- Bingo! Acertou. E o homem me deu a maior bronca porque eu não estava na portaria. Fez um discurso que um porteiro não pode sair nunca da portaria e coisa e tal...
- E você conseguiu explicar para ele que haviam lhe interfonado, dizendo que ele o esperava na garagem? Quis saber Agenor.
- Eu até que tentei, mas o homem estava com a macaca. Nem me ouviu.







2





Na portaria do condomínio há uma geladeirinha. Nela, os funcionários podem deixar algum alimento para fazerem um pequeno lanche, entre os horários de refeições, ou uma aguinha gelada para saciarem sua sede.
Como aqueles dias estavam bem quentes e, naquela manhã, Agenor já tinha trabalhado um monte para limpar as maçanetas de todos os apartamentos do condomínio, pediu para Fofo lhe dar um copo de água gelada para refrescar.
Fofo pegou dois copos, encheu bem com água gelada, serviu um para Agenor e tomou o outro.
- Nada como um bom copo de água para refrescar num dia quente como estes. Não é mesmo Agenor?
- Você tem toda a razão. Fofo, por gentileza, me sirva mais um copo. Estou com muita sede.
Agenor tomou sua água e foi fazer suas atividades normais de seu dia-a-dia que, por sinal, estavam atrasadas em função de ter passado quase toda a manhã limpando as maçanetas dos apartamentos.
Passados alguns minutos, um pouco mais de meia hora, Agenor começou a sentir uma dor na barriga. Uma dor aguda que parecia espalhar-se pelo seu corpo.
“Deve ser alguma coisa que comi no café da manhã”, pensou. Essa dor vinha e parava. Voltava e parava. Cada vez que voltava, ela ficava mais forte.
De repente, veio uma vontade enorme de ir ao banheiro. Correu para o banheiro masculino dos funcionários. Chegando lá, encontrou a porta trancada.
A vontade estava gigantesca, sentia que não conseguiria mais segurar. Bateu forte na porta. Estava até com medo de fazer nas calças, se não entrasse logo no banheiro. Então gritou:
- Por favor... Abra logo, seja lá quem estiver aí...
Em resposta ao seu apelo, ouviu uma voz fraquinha, saindo de dentro do banheiro. Era o Fofo:
- Agenor, sou eu, o Fofo. Vou demorar...
Logo em seguida, Agenor ouviu um barulho vindo lá de dentro. Era algo, mais ou menos, como “proulhaft prrrouououft”. Percebeu então, que Fofo realmente iria demorar.
Não tinha jeito, teria que ir ao banheiro feminino. Correu, entrou, mal baixou suas calças e “proulhaft prrrouououft prriiiií prouft prruuum...”.







3




Saíram, Fofo e Agenor, quase ao mesmo tempo do banheiro. Encontraram-se, olharam um para a cara do outro e foram caminhando lentamente em direção da portaria.
Fofo, praticamente se arrastava, já, Agenor, apertava sua barriga com a mão. Não falavam uma palavra sequer. Parecia que não tinham nem forças para isso.
Ao chegarem à portaria, encontraram Fabinete, a faxineira do condomínio. Ela estava tomando um copo de água gelada. Da mesma jarra que ambos haviam tomado antes.
- Fofo você por acaso já não levou uma bronca hoje, do Seu Carlos, por não estar na portaria? Perguntou Fabinete.
Ao chegarem mais perto, a faxineira assustou-se com as caras abatidas dos dois que chegavam.
- Meu Deus! O quê aconteceu com vocês? Estão brancos... E suados!
O porteiro entrou na portaria e sentou-se em sua cadeira. Agenor, quando iria passar pela porta, para entrar também na portaria, fez meia volta e saiu correndo novamente em direção ao banheiro.
- Para onde ele foi, assim, correndo? Quis saber Fabinete, já desconfiada que os dois tivessem comido alguma coisa estragada e estavam com diarréia.
Fofo, já um pouco mais recuperado, conseguiu falar:
- Não sei o que aconteceu, mas eu e o Agenor tivemos um piriri.
- Vocês devem ter comido alguma coisa estragada no café da manhã. Comentou, sorrindo, a faxineira.
- Mas eu tomei meu café da manhã na minha casa. O Agenor eu não sei, mas normalmente ele toma em casa também. Falou o porteiro.
- Seria uma grande coincidência, os dois comerem coisas estragadas em casa e ficarem ruins no mesmo dia. Observou Fabinete e perguntou logo em seguida:
- Você tem certeza que não comeram nada aqui no condomínio? Algo que os dois tenham comido juntos.
- Não, a única coisa que eu botei para dentro, hoje, aqui no condomínio, foi um copo de água. E isso o Agenor também tomou. Falou Fofo, desconfiado.
- Tomaram água da torneira? Perguntou Fabinete, assustada.
- Não, da jarra que está na geladeira. Será que é a água que está estragada?
- Ih! Eu acabei de tomar um copo dessa água... Bem que senti que ela estava com um cheiro e um gosto estranho. Deixa eu ver essa água. Falou a faxineira, enquanto dirigia-se à geladeira.
No meio do caminho, tropeçou na lixeirinha que ficava ao lado da mesinha do porteiro. Ao tropeçar, a lixeirinha virou e de lá caíram duas cartelas de algum remédio.
Percebendo que havia derrubado a lixeira, Fabinete rapidamente abaixou-se para juntá-la. Percebeu, então, as cartelas e viu que estavam vazias.
- Que remédio é esse que você está tomando? Quis saber Fabinete.
- Eu não estou tomando remédio nenhum... Quer dizer, por enquanto. Do jeito que eu estou mal acho que vou precisar tomar alguma coisa. Respondeu Fofo.
- O nome desse remédio não é estranho. Para que será que ele serve? E de quem será? Perguntou para si mesma, em voz alta, enquanto cheirava a cartela.
Percebeu que o remédio tinha o mesmo cheiro que havia sentido na água a qual ela, mais os dois com piriri, haviam tomado.
Enquanto Fabinete estava imersa em seus pensamentos, chegando a conclusão que aquele remédio poderia ter sido posto na água, Agenor chegava à portaria.
- Você que jogou umas cartelas de remédio na lixeira daqui da portaria? Perguntou Fofo para Agenor.
- Não. Respondeu o outro.
- Pessoal, eu acho que jogaram esse remédio na nossa água?
- Hã?
- Como?
- Quem faria uma coisa dessas?
- Por que você acha isso? Ficaram os dois a fazer diversas perguntas.
- Ora, a água está com o mesmo cheiro do remédio. Respondeu Fabinete.
- Deixe eu ver este remédio. Pediu Agenor.
Fabinete o entregou.
- Esse nome não é estranho, vocês sabem para que ele serve? Perguntou o Zelador.
- Eu também acho que já ouvi falar dele... Comentou a faxineira.
Fofo, então, teve a idéia de falar com um morador do condomínio que era médico, o Dr. Anderson.
- Será que ele está em casa agora? Perguntou Agenor.
- Sim, ontem ele teve plantão e trabalhou a noite toda. Chegou bem cedo, já descansou e nessa hora já está acordado. Respondeu Fofo.
- Como você sabe que ele já está acordado?
- O que eu não sei aqui neste condomínio. Falou o fofoqueiro, que sabia sobre a vida de todo mundo.
O que ele ainda não sabia era quem andava aprontando no condomínio e que esse aprontador havia acabado de aplicar mais uma peça. E, desta vez, foi em cima dos três que estavam na portaria.
- Vamos interfonar logo para o Dr. Anderson. Sugeriu o zelador.
- Interfonem vocês, porque eu preciso correr para o banheiro. Falou Fabinete, antes de sair correndo da portaria.






4




Como sempre, o Sr. Carlos, ao chegar meio-dia do seu trabalho para o almoço, passava na portaria, antes de subir ao seu apartamento, para conversar com os funcionários do condomínio.
Tinha este hábito porque, desta forma, podia verificar como as coisas estavam no condomínio durante sua ausência e também passar algumas instruções aos funcionários.
Assustou-se ao encontrar os três com cara de doente. Ainda mais porque viu o Dr. Anderson, com seu estetoscópio pendurado no pescoço, conversando com eles.
Explicaram ao síndico que alguém havia colocado laxante na jarra de água gelada deles. Além disso, o Dr. Anderson recomendou que os três fossem para a casa.
- Como eles estão muito fracos, pois foram expostos a uma dose muito forte de laxante, o ideal é que eles descansem. Já fiz algumas recomendações sobre como eles devem se alimentar durante o dia. Amanhã, estarão bem melhor. Falou o doutor.
O médico despediu-se, sob o agradecimento de todos, e subiu para o almoço. Seu Carlos até que se conteve na frente do Dr. Anderson, mas estava enfurecido.
- Precisamos descobrir urgentemente quem é esse malandro que anda aprontando em nosso condomínio! Disse o síndico, vermelho de raiva, logo depois da saída do doutor.
Em seguida, ligou para o porteiro da noite. Recebendo a confirmação que este poderia vir mais cedo para cobrir a falta que Fofo faria na portaria, dispensou os três.
Interfonou, então, para sua esposa para comunicar que precisaria ficar algum tempo na portaria até que o outro porteiro chegasse.
- Mas você não vai almoçar? Perguntou dona Cassandra, a esposa do síndico.
- Agora não. Perdi a fome. Respondeu.
Ficou pensando em quem poderia ser a pessoa que estava aprontando tanto no condomínio. “Isso é coisa de criança”, pensou. “Só pode ser uma criança. Mas, qual?”.
Antes de o porteiro da noite chegar, interfonou para quantos moradores conseguiu, convocando para uma reunião extraordinária de condomínio. Mais tarde, colaria cartazes no mural e nos elevadores para avisar aos moradores, aos quais ele não havia encontrado em seus apartamentos, sobre esta reunião.
Enquanto fazia as ligações, Sabrina e Paulinho chegavam da escola. Ficaram surpresos ao encontrar o Sr. Carlos na portaria, ao invés do Fofo.
- Oi, Sr. Carlos. O senhor por aqui? O Fofo não está? Perguntou a menina.
- Olá crianças. O Fofo foi para casa. Está doente. Respondeu indiferente, sem dar muita atenção às crianças e continuou a interfonar para os vizinhos.
Após passarem pela portaria, as crianças comentaram entre si:
- Coitado do Fofo.
- E você reparou no jeito que o Sr. Carlos falou com a gente? Perguntou Sabrina.
- Sim, está muito brabo com alguma coisa.
- Será que ele está brabo com o Fofo? Porque ele ficou doente? Tornou a menina a perguntar.
- Não, ninguém tem culpa de ficar doente. Deve ser por causa do lance da graxa nas maçanetas da porta dos apartamentos. Supôs Paulinho.
- É... Deve ser.







5




Na noite seguinte, o salão de festas do condomínio estava lotado de moradores. Nunca havia tido uma reunião de condomínio no Parque dos Imperadores com tanta gente presente.
O pessoal veio em massa para tentar entender o quê estava acontecendo no condomínio nestes últimos dias. O Sr. Carlos presidia a reunião, sentado ao centro de uma grande mesa.
Iniciou a reunião com a narrativa dos primeiros acontecimentos daquela semana. A grande maioria dos presentes já sabia da piscina com tinta e das maçanetas com graxa. No entanto, somente o Sr. Carlos e o Dr. Anderson tinham conhecimento do caso do laxante na água dos funcionários.
- Isso já é demais! Exclamou um morador alto, gordo e calvo que morava no nono andar do bloco Dom Pedro I.
- É um caso de polícia! Falou também revoltada, uma jovem moradora do Dom Pedro II.
E começou um burburinho, causado pelos comentários e observações dos moradores. Este burburinho começou a ficar uma conversa tão alta que ninguém mais escutava o que o outro dizia.
O síndico, para que a reunião não descambasse em um bate-papo, que acabaria não resolvendo nada, levantou-se e pôs-se a falar em voz alta. Precisava chamar a atenção de todos, para poder conduzir uma reunião que delimitasse algumas ações que resolvessem o atual problema do condomínio: Descobrir quem estava aprontando.
- Pessoal! Pessoal! Por favor, preciso de um minuto de sua atenção.
Os moradores começaram a encerrar as conversas paralelas e foram silenciando até que todos se aquietaram e olharam atentos para o síndico.
- Muito obrigado! Agradeceu a atenção de todos e começou a falar:
- Estamos com um grande problema em nosso condomínio. E isso é um fato. É muito claro, para todos nós, que existe uma ou mais pessoas aprontando algumas peças de mau gosto. Eu imagino que isso irá continuar enquanto não descobrirmos o culpado. Vocês concordam comigo?
Ambos os presentes concordaram, mas mantiveram a compostura além do silêncio e a atenção necessária para o bom andamento da reunião.
- Como ação imediata, eu proponho que nos unamos para nós mesmos descobrir quem é ou são estes meliantes. Sugeriu o síndico.
Os moradores presentes na reunião continuaram aprovando as palavras do Sr. Cláudio, menos aquele senhor gordo do D. Pedro I:
- Eu discordo. Acho que deveríamos pedir uma ajuda profissional. Quem sabe da polícia ou, até mesmo, contratar um detetive particular.
Sr. Cláudio, sentindo que a maioria concordava consigo, usou de muito tato para defender sua opinião:
- Respeito sua opinião, mas não vejo a necessidade, neste momento, de o condomínio arcar com os custos de um detetive particular. E quanto à polícia, acho que é um exagero chamá-los para resolver um problema destes. Creio, até mesmo, que eles irão fazer pouco caso disto, pois a polícia tem questões de maior importância a tratar, tais como, assassinos, ladrões e traficantes.
Os demais presentes apoiaram o síndico, fazendo com que o outro senhor acabasse aceitado a vontade da maioria.
- Além do mais, acredito que isto tudo deve ser obra de alguma criança. Opinou Sr. Carlos.
- Uma criança? Será que uma criança seria capaz de tanta maldade? Perguntou uma moradora solteirona, com cerca de cinqüenta anos.
- Eu tenho esta suspeita. Não sei por que, mas tenho esta suspeita. O que você acha Rafael? Comentou o síndico, pedindo uma ajuda para Rafael.
Rafael não foi escolhido á toa, pelo Sr. Carlos, para socorrê-lo. O jovem rapaz não somente era acostumado a lidar com crianças, pois era professor de educação física, como também era o treinador do time de street hóquei do condomínio. Portanto, conhecia a maioria das crianças daqueles prédios.
- Bem... Eu não sou psicólogo, mas pela minha experiência com crianças e adolescentes, acredito que o Sr. Carlos tem razão. Falou o rapaz.
O síndico sorriu satisfeito e fez um sinal com a mão para que Rafael continuasse a explicar seu ponto de vista.
- Uma criança, ou um adolescente, muitas vezes fazem coisas para chamar a atenção de seus pais. Tentam chamar suas atenções, primeiramente, através de manifestações positivas, tais como, um desenho, um carinho etc. Mas, quando não correspondida, isto é, no caso de pais ausentes, acabam fazendo coisas erradas. É inconsciente, não fazem por que são maldosos, fazem apenas porque precisam deu uma maior atenção de seus pais. Disse Rafael.
- Interessante. Faz muito sentido. Concordou uma senhora.
- É... Mas, como eu disse antes, eu não sou psicólogo. Esta é apenas uma opinião.
- Rafael, você teria algum suspeito? Perguntou o síndico.
- Olha Carlos, eu percebo essa necessidade de uma maior atenção, por parte dos pais, em algumas crianças que tenho contato aqui no condomínio. Mas, daí, para apontar algum suspeito, existe um longo caminho a trilhar.
- Entendo, entendo. Compreendeu o síndico.
- Você poderia nos apontar quem são essas crianças? Pediu uma mãe preocupada para Rafael.
- Não, não posso fazer isso. Repito mais uma vez, eu não sou psicólogo. Não tenho competência técnica para fazer uma afirmação dessas de uma forma assim tão dirigida. Respondeu o rapaz.
Foi então, que dona Cassandra, a esposa do síndico, uma barraqueira já conhecida por muitos moradores do condomínio pelos seus escândalos, resolveu botar lenha na fogueira:
- Isso tudo que vocês estão falando é tudo pura besteira. Você, Rafael, realmente não é psicólogo. Eu sim. Posso nunca ter atuado profissionalmente, mas sou formada há mais de dez anos. Eu tenho certeza que isso é coisa de algum adulto. Um maluco qualquer. Pois, meu filho o Teófilo, jamais seria capaz de fazer uma coisa dessas. Ora, falta de atenção dos pais... Que bobagem!
- Nota-se que ela nunca atuou como psicóloga. Comentou baixinho um vizinho com outro e começaram a rir.
E aquela conversarada toda voltou. Mais uma vez ninguém entedia o que o outro falava. Sr. Carlos interferiu novamente e encerrou a reunião. Pediu o apoio de todos, para que ficassem atentos, no intuito de descobrir quem estava aprontando no condomínio. Comentou, ainda, que os funcionários já estavam todos com suas atenções redobradas.


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Este livro é parte da Coleção “A Galera do Condomínio”. Esta cópia ainda não foi revisada, nem publicada. Os direitos autorais são de propriedade exclusiva do autor.

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